Professor Paulo Parente conclui doutoramento Professor Paulo Parente, conclui com sucesso o seu percurso académico conducente ao grau de Doutor em Ciências de Enfermagem. O docente prestou provas de doutoramento no dia 25 de fevereiro, na Universidade Católica Portuguesa. A tese subordinada ao tema: "Famílias que integram pessoas dependentes no autocuidado - estudo exploratório de base populacional no concelho do Porto", foi orientada pelo Professor Doutor Abel Paiva e Silva. Estas mudanças constituem-se como uma oportunidade de construir e de representar conhecimento que sustente novos modelos de exercício profissional, capazes de contribuir para uma transição saudável, não só da pessoa dependente, mas, também, do cuidador familiar e da família. O estudo visou caracterizar as famílias clássicas que integram pessoas dependentes no autocuidado; a pessoa dependente; o cuidador familiar; os recursos utilizados; e, os contextos em que o fenómeno ocorre no concelho do Porto. Com este objetivo, concebeu-se um estudo de caráter descritivo e correlacional, que se enquadra nos modelos de investigação quantitativa de base populacional. Tendo como população-alvo as famílias clássicas residentes no concelho do Porto, foi desenhado um plano de investigação que incluía duas etapas sucessivas a decorrer em simultâneo. A primeira dirigida às famílias clássicas em geral e a seguinte apenas àquelas que integravam familiares dependentes no autocuidado e/ou que tinham um parente institucionalizado. Foi constituída uma amostra aleatória estratificada com base na freguesia de residência através de um sistema de informação geográfica. A recolha de dados foi realizada porta a porta por investigadores-enfermeiros com recurso a um formulário construído pela equipa de investigação e, posteriormente, validado com base no conjunto dos dados referentes aos concelhos do Porto e de Lisboa. Dos resultados obtidos, com base nas 2.314 famílias clássicas que fazem parte do estudo no concelho do Porto, destaque-se que 10,41% integram uma pessoa dependente no autocuidado (55% tem mais de 80 anos), sendo que, em cada três pessoas dependentes, uma é "dependente-acamado”. A prevalência destes casos obedece a uma distribuição geográfica concêntrica, com valores mais altos na zona mais antiga da cidade (13,77%) e valores mais baixos no litoral atlântico (5,89%). Os cuidadores familiares asseguram, sobretudo, os cuidados que mais se aproximam das suas práticas quotidianas, descurando os que exigem competências mais diferenciadas e maiores capacidades cognitivas. A utilização dos equipamentos necessários à realização do autocuidado fica muito aquém do que seria apropriado. Ao enfermeiro recorrem apenas pouco mais de metade das famílias que tomam o médico como principal recurso profissional. No concelho do Porto, 6,4 % das famílias clássicas têm, pelo menos, um parente próximo dependente no autocuidado que está institucionalizado. Se dispusessem das condições necessárias (nomeadamente, de apoio de profissionais da saúde), 32,4 % integrariam estes parentes na família. O estudo conclui que o fenómeno da dependência apresenta-se em dois quadros que caracterizam outros tantos contextos de cuidados. Um que se organiza em torno do nível elevado de dependência no autocuidado da pessoa dependente. Outro estruturado a partir da ação do cuidador familiar centrada na promoção do autocuidado da pessoa dependente. Os cuidadores familiares (9% dos quais com mais de 80 anos) assumem a relação de cuidados e envolvem-se nela, apenas apetrechados com as competências que a experiência de vida lhes forneceu, numa atitude voluntarista que, em alguns casos, se revela prejudicial para a condição de saúde do familiar dependente. Fazem o que sabem e podem, mas que é insuficiente para responder às reais necessidades em cuidados de saúde do familiar dependente. A manutenção no seio da família continua a ser a opção preferencial dos respetivos membros, constituindo a institucionalização uma solução de recurso de que as famílias se socorrem na ausência de apoios, sobretudo das equipas da saúde, mas também da própria família. Uma maior profissionalização dos cuidados à pessoa dependente, tal como ao cuidador familiar, poderia contribuir para preservar a independência possível no autocuidado, facilitando, em simultâneo, a transição saudável para o papel de cuidador.
Adaptado de resumo de tese de Paulo Parente
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