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Entrevista com a Professora Nilza Nogueira
ESEP - GDIAP





ENTREVISTA COM A PROFESSORA NILZA NOGUEIRA

Licenciada desde 1993, Nilza Nogueira sempre se dedicou à enfermagem no IPO do Porto, em particular na Unidade de Cuidados Continuados e Cuidados Intensivos, tendo sido uma das enfermeiras que abriu a primeira Unidade de Cuidados Continuados do Norte. No ano de 2003 decidiu concorrer para a Escola Superior de Enfermagem do Porto e, desde então que se dedica à docência.
Com a experiência que foi adquirindo ao longo destes anos, Nilza Nogueira explica o que a levou a estudar as quedas nos idosos em contexto hospitalar e comunitário e fala sobre os projetos que tem desenvolvido.


O que é que a levou a investigar as quedas nos idosos em contexto hospitalar?

A minha especialidade é Enfermagem Médico-cirúrgica, com componente dominante em Geriatria e Gerontologia. Esta sempre foi uma área de gosto pessoal, de tal forma, que mais tarde, quando procuro o tema para a minha tese de doutoramento, a escolha da temática não poderia ser outra: Avaliação do Risco de Queda dos idosos em contexto hospitalar: dos instrumentos à prática de enfermagem. Na época, em 2007 eram poucos os hospitais que efetuavam a avaliação do risco de queda e mais diminutos eram os hospitais com programas de prevenção de quedas.


Como é que se avalia o risco de queda dos idosos em contexto hospitalar?

Para avaliação do risco de queda existem instrumentos de avaliação validados para o contexto português, nomeadamente o Modelo de Avaliação do Risco de Queda de Hendrich II e a escala de avaliação do risco de queda de Morse e, ambos são específicos para o contexto hospitalar. No entanto, é possível avaliar se um idoso tem risco de queda, pelos fatores de risco que apresenta, em concreto fatores de risco biológico, comportamental, ambiental e socioeconómicos.


Os fatores de risco são iguais em contexto comunitário e hospitalar ou são diferentes entre si?

Os fatores de risco são os mesmos embora, nos diferentes contextos, os mesmos têm pesos diferentes. Ou seja, em contexto hospitalar e pela condição clínica dos idosos, os fatores de risco biológico e comportamental ganham mais peso. Mas, se formos pelo contexto comunitário, já teremos o peso dos fatores de risco ambiental e socioeconómicos na equação. O que importa perceber é que o evento da queda é multifatorial. Logo, quanto mais fatores, maior o risco.


Como é que surge o estudo do risco de queda em contexto comunitário?

O estudo de prevenção de quedas em contexto comunitário, surge mais tarde, em conjunto com a Professora Fátima Araújo. O projeto FP FAAC "Fall Prevention – For na Active Aging in Community” nasce da nossa experiência, da observação dos contextos e da evidência científica nesta área. A frequência de quedas aumenta com a idade e o grau da fragilidade; no grupo dos idosos com 70-80 anos, a proporção de queda aumenta para os 32-42 % e, depois dos 80 anos, metade da população cai todos os anos. Em Portugal, a prevalência de quedas dos idosos, a nível comunitário é superior a 40%.


Qual o papel dos enfermeiros na prevenção da queda e na melhoria dos cuidados?

O papel da enfermagem na área da prevenção da queda é fulcral. Mas o que se verifica é que a prevenção e o próprio rastreio em contexto hospitalar é feito e que existem ações especificas e protocolos que avaliam se as pessoas têm risco de queda ou não. Dependendo deste risco existem intervenções de enfermagem específicas para minimizar o risco e a queda. Já quando falamos do contexto comunitário, o que se verifica pelo contexto clínico comunitário é que a identificação do idoso com risco de queda não é feita. Por isso é que acredito que esta é uma área que nós, enfermeiros, temos de investir. Do ponto de vista comunitário, os enfermeiros ainda não reconhecem esta área de atuação como nossa. Começo a perceber que no contexto da comunidade, outras áreas agarram programas de prevenção de risco de queda, quando nós, enfermeiros não estamos a assegurar esta área. 
Na área de sensibilização dos profissionais para esta temática eu e a Professora Fátima Araújo temos um projeto, o FP FAAC "Fall Prevention – For na Active Aging in Community”, em pareceria com a ACES Porto Oriental, que pretende alertar os enfermeiros, dar-lhes formação e explicar-lhe como é que este rastreio deve ser feito, para mais tarde se poder intervir e colmatar o diagnóstico. Às vezes basta fazer perguntas simples para se perceber qual o risco de queda daquele idoso e, dependendo disso é possível fazer uma triagem de quem tem maior elevado risco e prevenir a queda.


Quais os próximos passos a dar na investigação das quedas dos idosos quer em contexto hospitalar/comunitário?

Um dos próximos passos a dar e, talvez seja o mais importante, é a sensibilização e a formação dos profissionais de saúde para esta área, em contexto comunitário. Em 2016, colaborei com a Direção Geral de Saúde na elaboração de Normas Clínicas para a Prevenção e Intervenção na Queda no Adulto e Idoso, nos cuidados agudos, cuidados paliativos e comunidade. No entanto, já passaram mais de 2 anos e estas normas ainda não saíram para público. Portanto, estas normas são absolutamente fundamentais, principalmente em contexto comunitário porque, neste contexto, ainda que as pessoas tenham vontade de trabalhar não têm nenhum tipo de orientação.
É também importante proceder à implementação e utilização de programas de prevenção de quedas em contexto comunitário através do desenvolvimento de dispositivos tecnológicos, tanto na avaliação do risco de queda como nos programas de intervenção. Atualmente estamos com um outro projeto, um Programa de Exercício Físico com Interface Tecnológico para a Prevenção de Quedas em Idosos, que está a ser desenvolvido em parceria com a Fraunhofer.



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